quinta-feira, 16 de julho de 2009

16 de Janeiro de 2007

Mais um dia, como tantos outros, com a pequena diferença que hoje estive depressiva... Saí para as aulas, por volta das 8.30h, sim, já deves estar a pensar que sempre foi um pouco mais tarde! Sinto, paulatinamente, o meu corpo a adaptar-se aos horários, à falta que me fazes, às correrias de todas as manhãs e à falta de sono. Sinto-te vazio de mim, talvez, por que também eu não já não te trago em mim. Mas, as recordações, essas não me largam, prendem-me como amarras ao porto, e, o meu barco continua ancorado em ti, embora te já não sinta... Preenche-me o silêncio da chuva a cair e de ti não tenho sinal, não raras vezes largo os olhos no telemóvel, mas não há sinal de qualquer mensagem tua. E contradigo-me, quando penso que te esqueci e que fazes parte do passado e das memórias que guardo em mim, afinal estás bem mais presente que a lua todas as noites no céu. Continuo com as mãos frias, e o vento gélido da manhã continua a arrefecer-me a pela da face. Chego à ESE, encontro as mesmas caras, os mesmos cheiros, o mesmo aconchego impessoal de uma empresa de fabrico em série. Ali estamos nós, na linha de montagem, todos moldados para um único fim: produzir. E produzes em mim algo aderente e inexplicável. Um sorriso de uns lábios amigos, era o que precisava, porque temos o que necessitamos e desejamos o que não podemos ter. Grande diversão, pensas tu, aula de informática. Sim, hilariante, mas onde estás tu, o que estás a fazer, continuarás a sentir falta do meu cheiro, do toque das minhas mãos, da doce ternura do meu olhar, nos momentos em que procurava o teu? Por que queres mais do que te posso dar, por que me exiges o amor que já não possuo, por que não retribuis da forma que gostaria, por tudo isso já não te encontro em mim... Seria deleite para mim, poder encontrar-te mais uma vez, partilhar contigo o vento fresco, que ondula nos cabelos, o marulho do mar e a calma dos dias de inverno passados na praia, durante o crepúsculo. E porque tudo o que me dás nunca é demasiado, volta para mim mais uma vez, permite que sinta o palpitar do teu coração junto ao meu peito, quando as luzes artificiais dos candeeiros, das ruas, se acendem... Porque tudo é artificial, excepto aquele momento estagnado no tempo em que nos ouvimos no silêncio e em que tu e eu nos tornamos nós. Nunca pretendi ligar-te a mim como se de um acessório te tratasses, pois não te possuo e mal me possuo a mim. Adormeci, deitada na cama, com a tranquilidade de quem nada tem a perder, porque nada lhe pertence e sonhei. Sonhei até me perder de novo na busca por ti, pelo teu ser, por aquilo que és. Por que nada me basta, sou e serei eternamente, desesperadamente, umbilicalmente insatisfeita, dependente de mais... Mais eu, mais tu. Serei sempre eu, e nunca abdicarei de me tentar encontrar em mim, aquilo que tu nunca fizeste. És um ser perfeito? Sim, perfeitamente imperfeito, lamento ser eu a informar, mas a beleza está no feio, por que sem o feio não existe o bonito. E pensar que ainda te consideras perfeito, e eu? Que sou eu para ti? Algo inacabado, um comboio que parou num apeadeiro e de lá não saiu? Não, sou muito mais, sou uma construção repleta de erros e vazios que se destrói e constrói permanentemente, que sente, que pensa, que respira.Por que tudo o que és foste-o comigo, fui engenheiro civil na tua construção, fui arquitecto no teu pensamento, fui mulher no teu sexo... Continuas a ser para mim obra inacabada.


1 comentário:

  1. Vou-me abster de comentários.. seria muito perverso.. ou mauzinho..

    Tu e os engenheiros.. loooool


    Beijoka!

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